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18 de abr. de 2007
o barquinho
em estado deplorável, mais confuso do que nunca, decidiu reverter a situação. assim, achando que sabia o que fazer, apercebeu-se de que não sabia como. teria que inventá-lo. antes, procedeu a uma revisão bibliográfica exaustiva (para não dizer cabalmente completa, inquirindo todas as mentes vivas e mortas do planeta, as dos planetas mais vizinhos, e as de todos os demais). resolveu sair dos parênteses, já que estes, engordando em demasia, reivindicaram o estatuto de coisa. ao rever o cometido ali, pensou, e seu pensamento o deixou cansado: ai.... teoria de novo? não. absolutamente. após ler os parênteses que queriam ser coisa mais uma vez, decidiu que não iria discorrer a respeito do modo como fez o que estava escrito ali. ainda assim, eu, seu profundo conhecedor, asseguro que o fez. em seguida, leu mais atrás: aquilo que estava antes dos polêmicos parênteses. mas uma nuvem vagava entrevista: onde ia o cruzeiro? via-o, em sua mente vidente de tudo o que quer ser visto, via-o branco, grande e suntuoso, singrando mares muito azuis, sob um céu também azul e perfeitamente sem nuvens, sozinho dentro de um quadro que mostrava uma bela porção de mar. ele, só, ao centro. lembrou-se dos barquinhos antropomorfizados de disney: alegre, sorridente, lá ia ele, todo empertigadinho em seu casaquinho novo de marinheiro, fazer alguma coisa. vendo-se ver a cena, reparou que ficava alegre e triste, já que não sabia o que o barquinho estava querendo, ou para onde ia. ele só sabia que o barquinho ia. sem complemento. algo, porém, era indubitável: ao invés de ficar parado, ele ia. só isso era suficiente (chegando a esse ponto, ele quase não dava conta de continuar, ou ainda, gozava com a radicalidade de seu pensamento, que dizia que isso aqui havia chegado a um bom termo)