estava à beira de uma novidade. daquelas que mudam tudo. só podia estar assim porque havia sido feito, desde os inícios, para ela. sabia que, quanto maior a desestabilização generalizada que aquilo produziria, por mais tempo procuraria ficar imóvel, com medo daquilo tudo. mas não apenas isso. haviam-lhe dito que quem procura acha. duvidou, então, de sua procura. como é que ele podia arcar com a constatação de que não tinha, desde há muito pouco, a menor idéia do que procurava? tinha uma tendência a assentar dúvidas sobre cada asserção recém-chegada. mas tudo bem, isso por si só não era bom nem ruim. por vezes as dúvidas iam embora, sem graça. "será que eu sou mesmo um tipo que fica entre o santo e o diabo, entre um que joga no próprio time e outro que joga em outro?", calculava. que história era essa? será que alguém regia isso? quem? vivia uma época em que questionava muitos dos seus próprios pressupostos. assim se, por exemplo, se tinha por consenso de sigo consigo que achava, sabia, acreditava, gostava de ter consigo ou via que "era um sujeito meio estranho" aí então partia para querer saber se essa suposição se sustentava. como quem dá chutes no pneu para saber, pela ressonância, se estão calibrados. parecia que estava procedendo a uma revisão completa. como aquelas que estava ultimamente continua e ininterruptamente fazendo. tinha tanta coisa para ser, que não havia sido ainda.... e para ver.... deu uma gargalhada: lembrou-se de algo que vira no dia anterior, cena estapafúrdia. animou-se.
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