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5 de set. de 2007

rach3

hoje aconteceram duas coisas importantes para o resto de minha vida. olha que curioso, que coisa tão não comum... duas ao mesmo tempo.... um dia encontro a conexão entre elas. quem sabe aqui mesmo, ao final da escrita. duma não posso falar - é daquele tipo de intimidade que a gente fica sem nexos, inadministrado, atônito, para usar uma palavra existente.
a outra é que, há algum tempo, mais do que pouco tempo, eu guardei meus LPs. não sabia para que. depis, um tempo depois, daquele tempo que também não sei se muito ou pouco, mas não insignificante, fui na casa do meu pai e recolhi o antigo sistema de som, também analógico, da artur joviano. porfim, há uns dias, mandei o receiver para o conserto. chegando lá eles viram que aquele aparelho já havia estado lá havia trinta anos. queriam colocá-lo na vitrine (o selo comprovante, em papel amarelo de ácido, grudado com cola ressecada). orçamento aprovado, demorou alguns séculos para o aparelho ficar pronto, após eles haverem dito que não asseguravam o sucesso do conserto. hoje, logo hoje, me ligaram. tá pronto. pode buscar. me atende uma bicha triste de tão viada. eu o olhei nos olhos, peguei o aparelho. agradeci. pedi a deus por nossa absolvição. em casa, montei o aparelho. tudo funcionou, com aquelas caixas enormes que reproduzem graves realmente graves, e toda a delicadeza de uma guiomar novaes. o que iria ouvir primeiro? concerto rach3. imaginava que tinha isso em algum lugar. achei. coloquei bem alto. e o som invadiu minha alma. não consegui parar de chorar até agora.
juntando isso ao primeiro fato (conforme intuído, eu que converso comigo em minhas letras), como é bom sair da escravidão digital. a escravidão me obrigava à miséria. agora estou mais perto de morrer.