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20 de nov. de 2007

cara giovanna:

meu nome é otavio, sou prof. assistente de projetos do departamento de projetos da escola de arquitetura ufmg. terminei meu mestrado há alguns anos aqui em bh, e estou terminando agora um doutorado na fau-usp. nossos assuntos são tangentes. não faço teoria da arquitetura. tento fazer alguma teoria do projeto. o título provisório do meu trabalho atual é 'os lugares da identidade e da alteridade no processo criativo arquitetônico'.

vou responder à pesquisa e enviar daqui a pouco. mas, ao ver a proposta, resolvi escrever isso aqui antes. vc fala em estímulo e resposta, coisa, me parece, de um behaviorismo exagerado. não somos ratos (apesar de alguns americanos acreditarem nisso). talvez vivamos em um mundo muito cheio de estímulos, cansativo, e quem sabe a criatividade não seria advinda justamente de um lugar calmo, com estímulos poucos e suaves, que nos colocasse para dormir primeiro, depois espreguiçar, e depois trabalhar naquilo de que se gosta. aí o trabalho (não estou falando em quantidade de trabalho, ou horas-bunda, mas em qualidade de trabalho: de que realmente importa fazer isso aqui?) - aí o trabalho toma outro sentido. quem sabe o caminho para a criatividade, ao invés de programação de neurônios, não seja a conquista (trabalhada) de um lugar a partir do qual o trabalho tenha sentido para mim, seu autor? como se estabelece esse lugar? me parece que não tem como ser uma coisa vinda de fora para dentro, "estimulando". aliás, eu já nem sei mais o que é dentro e o que é fora, mas se 'eu' é uma coisa que está dentro, então o resto deve ser o 'outro': assim o imagino, à minha imagem e semelhança.
um abraço do otavio.