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6 de set. de 2009


 

Projeto e verdade

A teoria do projeto não é um corpo constituído de conhecimentos a ser devidamente estocado ou instrumentalizado pelo arquiteto. Essa é uma possível pretensão da assim chamada teoria da arquitetura. A teoria do projeto não é uma teoria, no sentido acadêmico. A teoria do projeto especula sobre o projeto en se faisant.

A teoria do projeto também não é hermenêutica, pois não está interessada em supostas verdades a serem desveladas. Aqui, a verdade perde qualquer utilidade. A teoria do projeto está, talvez, interessada na suposição dessa verdade. A quem interessaria isso? Falando rudemente, uma verdade pode ser tudo, mas nunca operacional. E quem projeta precisa de instrumentos para operar a realidade. Querer fazer do projeto a re-presentação de alguma verdade extrínseca é concepção muito rasteira acerca do assunto. É uma re-presentação provinda, tão-simplesmente, de quem não projeta. O não conhecimento do métier deixa, por vezes, o crítico em posição vexatória.

A TP acende hofotes sobre projetos sendo feito, e apaga holofotes sobre obras prontas. Absolutamente, a TP não é prescritiva, moralizante, ideológica ou tem pretensão a subir no trono DE CONDUTOR DO PROCESSO CRIATIVO. Disso os projetistas já estão locupletados. Já tem bastante gente querendo isso. Anti-teoria uma vez que varre de cena temas como conceito, representação, idéia e, fundamentalmente, método. Como uma teoria a-teórica, ela persegue um método a-metódico: preste atenção nas evoluções dos projetos.

Assistemática e a-metódica, a TP não se encaixa na árvore dos saberes categorizados, aproximando-se mais da enciclopédia de animais borgeana ou o ornitorrinco de U. Eco. O leque produtivo da TP é muito mais abrangente, uma vez que seu escopo não está dado de antemão.