Para quem você está escrevendo? De fato, procurando com cuidado,
não vejo muitas respostas para essa pergunta. De uma coisa decorre outra: se eu
não tenho para quem escrever, então também não devo ter muito o que escrever.
Um pouco como Alice, quando dá de ombros diante da falta geral de sentido nas
coisas.
Ao se deparar com uma estrada que estava sempre dando
voltas, que voltava sempre ao mesmo lugar, Alice não acreditou estar ficando
louca, ou imaginou estar diante de algum mistério insondável. Simplesmente,
como quem está cansada das esquisitices daquele reino, dá algum sinal de
enfado. Já havia visto muito.
Eu tenho mesmo um modo autista de escrever. Eu escrevo sobre mim. Eu escrevo sobre a falta
de o que escrever. Eu fico falando que o assunto é o que menos importa. Que
para se escrever não precisa assunto, como nessas últimas 3 linhas. Como aquela
cobra que come o rabo, e me transformo nela.